Augusto dos Santos, professor do Curso CPT Criação de Tilápias em Tanques-rede, destaca que criar tilápias é um bom negócio, pela facilidade de manejo, curto ciclo, baixo custo de produção e grande aceitação no mercado. Além disso, a espécie é a mais cultivada em nosso país e possui boa demanda de mercado.
Um dos aspectos mais importantes na criação de tilápias é o sanitário. Nesse sentido, novas tecnologias vêm sendo desenvolvidas com o intuito de garantir que a criação obtenha resultados satisfatórios e produza lucros ainda maiores. Dentre essas, a utilização de vacinas autógenas, técnica que já era utilizada na criação de aves e suínos, desponta como importante para o controle sanitário.
O que é uma vacina autógena?
Por definição, vacina é um produto biológico que estimula a resposta imune para o agente infeccioso que pretende combater, presente nessa mesma vacina. Como resultado, tem-se a produção de anticorpos que detectam quando esse agente infeccioso entra no organismo e o bloqueia. Na tilápia, por exemplo, essa imunidade não é permanente e dura até quatro meses, variando em função do tipo de vacina e da qualidade da vacina aplicada nos peixes.
As vacinas adquiridas comercialmente são registradas e possuem um efeito “geral”, isto é, pode ser utilizada em qualquer criação. Contudo, as vacinas autógenas são mais específicas, produzidas “sob medida” a partir doa agentes patogênicos isolados em cada propriedade piscicultora.
Por não seguir um padrão, esse tipo de vacina não é registrado, mas sua produção é regulada e fiscalizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. De acordo com a Instrução Normativa Nº 31, de 20 de Maio de 2003, promulgada pelo Ministério, essa é a definição de vacinas autógenas:
“[...] vacinas monovalentes ou polivalentes, inativadas, imunogênicas, não tóxicas e inócuas, produzidas a partir de microorganismos isolados e identificados de animais sacrificados ou enfermos, em uma determinada propriedade na qual esteja ocorrendo enfermidades específicas, cultivadas em substratos especiais e utilizadas para controle ou prevenção de enfermidades na espécie alvo, especificamente na propriedade alvo ou propriedades adjacentes.”
Dessa definição, é possível depreender que esse tipo de vacina é sempre inativada, isto é, não possui potencial para induzir alguma doença nos peixes que a recebem. Também se reforça seu caráter exclusivo, podendo ser utilizada somente na propriedade para a qual foi produzida em propriedades fisicamente vizinhas.
Ciclo de produção de uma vacina autógena
Dado seu caráter específico, ela passa por um ciclo de produção que possui as seguintes etapas:
- Propriedade-alvo: definição da fazenda ou unidade de produção que será atendida pela vacina, feita por uma empresa especializada.
- Coleta de peixes doentes e/ou moribundos: a coleta de peixes é determinante para o sucesso da vacina autógena elaborada para a propriedade. Isso porque o técnico que coleta os peixes para isolar os principais patógenos que causam prejuízos na propriedade precisa certificar-se de que a amostra os expressará. Em cada tanque, deve-se coletar, em média, de 10 a 20 animais doentes para que seja feita a análise.
- Exame laboratorial e laudo: o passo seguinte é a análise e isolamento dos patógenos, em um laboratório. A empresa que realizará o exame precisa possuir estrutura adequada e vasto conhecimento para tal. É a partir do laudo que se apresenta ao piscicultor os resultados e a vacina que deverá ser elaborada para a sua criação. Após a “aprovação” do piscicultor, é necessário protocolar um pedido de produção de um lote dessa vacina junto ao MAPA, agente controlador desse tipo de vacina.
- Elaboração da vacina inativada: após a autorização, a empresa já pode produzir o lote necessário da vacina para a propriedade-alvo analisada. É importante que os agentes infecciosos estejam inativados e que a empresa siga todas as normas para a produção da vacina autógena.
- Por fim, aplica-se a vacina autógena.
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Criação de Tilápias em Tanques-rede
Produção de Tilápias em Tanques Escavados
Criação de Peixes – Como Implantar uma Piscicultura
Fontes: Panorama da Aquicultura – panoramadaaquicultura.com.br/vacinas-autogenas/
Governo Federal – gov.br
por Renato Rodrigues