Utilização da pele de tilápia no tratamento de queimaduras

A espécie, além de importante para a economia brasileira, desponta também como uma excelente aliada para a medicina

Tilápia

Nos últimos anos a criação de tilápias, espécie que domina mais da metade de toda a produção da piscicultura do país, tem chamado a atenção de médicos não somente pelos benefícios que o consumo de sua carne produz ao nosso organismo, como também pelo poder medicinal que a sua pele possui.

Recentemente, em Campinas foi realizado uma cirurgia utilizando a pele de tilápia para a reconstrução vaginal de uma paciente transexual, vítima de uma cirurgia de mudança de sexo mal-sucedida.

Porém, estudos também vêm sendo feitos já há algum tempo sobre a eficácia da pele de tilápia no tratamento de queimaduras. A pele desse peixe, geralmente descartada na indústria, é rica em colágeno e um item muito barato, o que faz com que seu uso seja extremamente benéfico à população.

O professor do Curso CPT Produção de Tilápias em Tanques Escavados, Giovanni Resende de Oliveira, comemora a descoberta dos benefícios da pele da tilápia para uso medicinal, classificando a espécie como uma das mais importantes na piscicultura brasileira.

Processamento da pele de tilápia para uso na medicina

Antes de ser utilizada em procedimentos cirúrgicos, a pele de tilápia passa por alguns processos:

Preparação

Na própria empresa de pescados, fornecedora da pele, ela é retirada do peixe com o auxílio de uma máquina e é lavada para, por fim, ser armazenada em uma caixa isotérmica.

Limpeza

Após esse processo, a pele passa por uma raspagem, que tem como objetivo remover restos de músculo. Depois, ela é cortada e transferida para frascos, para que seja descontaminada.

Descontaminação

Após ser incubada, é agitada constantemente à temperatura ambiente em quatro soluções diferentes para descontaminação.

Desidratação

Com o auxílio de um liofilizador, a pele é congelada a -80°C por 16 horas, desidratada e embalada a vácuo em envelopes plásticos.

Radioesterilização

Após todos esses processos, a pele também sobre radiação ionizante por cinco horas, com a finalidade de eliminar microrganismos.

Fim do processo

Depois de todas essas etapas, ela é reidratada com soro fisiológico e está pronta para uso.

Resultados de alguns testes feitos com a pele, mostraram pacientes sem nenhuma infecção. Dada a eficiência, o SUS, sistema de saúde nacional, ainda estuda a possibilidade de adotar a pele de tilápia para tratamento de queimados.

Atualmente, queimados são tratados com sulfadiazina de prata, pomada que possui efeito antimicrobiano e cicatrizante. Porém, os curativos feitos com a pomada exigem troca diária, ao passo que a pele de tilápia permite um intervalo maior para substituição, o que poupa o paciente, economiza material e exige menos mão de obra hospitalar. Ainda, há relatos de redução dos custos, do tempo de cicatrização e de dor ao utilizar-se a pele.



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Criação de Tilápias em Tanques-rede
Produção de Tilápias em Tanques Escavados
Criação de Peixes – Como Implantar uma Piscicultura

Fonte: Revista Pesquisa FAPESP – revistapesquisa.fapesp.br
por Renato Rodrigues

Renato Rodrigues 23-12-2019

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