Manejo sanitário na piscicultura: como adequar a espécie de peixe ao ambiente e evitar doenças no sistema?

A garantia de uma boa saúde aos peixes permite que eles expressem sua produtividade ao máximo

Manejo na piscicultura - imagem meramente ilustrativa

A atividade piscicultora engloba uma série de elementos que são cruciais para que o piscicultor obtenha o resultado esperado com os seus peixes. Dentre todos eles, está o manejo sanitário, isto é, a garantia de uma boa saúde a esses seres aquáticos para quem possam expressar todo o seu potencial produtivo.

Giovanni Resende de Oliveira, professor do Curso CPT Criação de Peixes – Como Implantar uma Piscicultura, destaca que os peixes são animais menos susceptíveis a doenças, mas, ainda assim podem adquirir diversas enfermidades e a propagação nos tanques pode ser rápida e dizimar grande parte da criação.

Manter a sanidade dos peixes criados favorece também outros aspectos, como o aproveitamento nutricional deles e a reprodução, potencializando, consequentemente, a produtividade deles. Logo, quando o manejo sanitário é executado de forma precisa, a taxa de mortalidade diminui e o desempenho dos peixes aumenta.

São vários os fatores que devem ser observados para que o piscicultor consiga realizar um manejo sanitário eficiente:

Adequar a espécie de peixe ao ambiente

Cada espécie de peixe possui uma particularidade em relação ao ambiente em que deve ser cultivada, devendo serem introduzidas em tanques nos quais consigam apresentar um desempenho melhor.

- A escolha das espécies

De uma forma geral, as espécies de peixes tropicais que são cultivadas em nosso país com objetivo comercial exigem temperatura da água entre 25°C e 32°C, pH variando entre 6,5 e 8,5, níveis de oxigênio acima de 4mg/l e boa aceitação de ração comercial, por exemplo. Porém, cada uma possui também necessidades específicas, o que torna necessário avaliar todas as condições de cultivo para, então, escolher a espécie. No Brasil, a tilápia, o tambaqui e o pacu se destacam.

- Escolha do local de produção

As características do local onde a atividade será desenvolvida também exerce influência na saúde dos peixes. A temperatura média, as características da fonte, a quantidade e a qualidade da água são fatores a serem avaliados para que seja possível escolher o modo de produção. Comumente, utiliza-se açudes, viveiros escavados, tanques-rede e tanques com recirculação de água.

- Densidade de estocagem

Para que os peixes vivam confortavelmente, o criador não deve ultrapassar a densidade de estocagem recomendada, levando em conta que cada sistema demanda uma densidade específica. Ao colocar mais peixes que o ideal, o estresse ao qual os animais serão submetidos provocará diminuição do desempenho e pode até provocar o surgimento de doenças.

Evitar doenças no sistema

Outro ponto que visa garantir a sanidade das criações de peixes é a necessidade de se evitar doenças no sistema, desafio enfrentado por muitos piscicultores. Para isso, é necessário adquirir peixes de criadores especializados e que possuam qualidade genética, boa nutrição, tamanho padronizado e ausência de sinais clínicos que indiquem doenças.

Depois, o transporte para a propriedade piscicultora deve ser feito com segurança pra que os peixes não sejam afetados durante o processo. Já na soltura dos animais, a realização de uma quarentena é recomendada antes de misturar peixes recém-adquiridos com peixes já existentes no local. Essa quarentena pode variar entre 45 e 90 dias, período em que o piscicultor pode observar a ocorrência de mortalidades ou de sinais clínicos que demonstrem que os animais estão doentes.

Passada a quarentena, os peixes podem ser soltos nos viveiros seguindo recomendações para a soltura. Por exemplo, a aclimatação consiste em verificar a temperatura da água e deixar a embalagem flutuando por algum tempo para que a temperatura das “duas águas” entre em equilíbrio e o peixe não fora um choque com a diferença entre elas.

 


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Fonte: RURAL, Serviço Nacional de Aprendizagem. Piscicultura: manejo sanitário. / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. – Brasília: SENAR, 2017. 107 p.; il. – (Coleção SENAR)
por Renato Rodrigues

Renato Rodrigues 31-03-2021

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