Manejo da água para a criação de peixes

É no ambiente aquático que os peixes desempenham todas as suas funções vitais

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Giovanni Resende de Oliveira, professor do Curso CPT Cultivo de Peixes em Sistemas de Recirculação de Água – RAS, afirma que a preocupação com a qualidade da água utilizada na piscicultura deve ser prioridade para piscicultores que desejam obter alta produtividade com a sua criação.

O desafio de criar animais em um ambiente aquático se torna ainda mais acentuado devido ao fato de que eles o utilizam para desempenho de todas as suas funções, como reprodução, respiração e até eliminação de dejetos. Acrescenta-se a isso, ainda, o fato de que a qualidade desse ambiente é decisiva para todas as etapas da criação de peixes, o que faz da preocupação com a água crucial para o sucesso da atividade.

Nesse contexto, conhecer tudo o que envolve o manejo de água é importante:

A água

Antes de tudo, o piscicultor precisa entender que em locais de criação em que a água tem contato com o solo – como é o caso de açudes –, a água tende a apresentar características semelhantes a ele. Por exemplo, quando o solo é ácido, a água costuma ser igualmente ácida. Além dessas características herdadas do solo, a presença de organismos vivos também exerce influência:

- Fitoplânctons

O termo “fito” se refere a vegetais. Logo, fitoplânctons são compostos de vegetais microscópicos que realizam a fotossíntese na água, deixando-a mais oxigenada. Por conta disso, tornam-se essenciais para os ambientes de criação, pois, além de maior oxigenação deles, também atuam na limpeza da água e servem como alimento para algumas espécies de peixes.

- Zooplânctons

Em contrapartida, os zooplânctons são formados por um conjunto de microrganismos animais presentes no ambiente. São importantes também para a alimentação dos peixes em algumas fases ou em todas as fases da vida deles. São considerados bons indicadores de qualidade da água e ainda auxiliam na reciclagem de resíduos.

- Bactérias

Responsáveis por iniciar a reciclagem dos resíduos, seja através da quebra de matéria orgânica lançada na água, seja pela transformação de substâncias tóxicas em substâncias menos tóxicas, as bactérias se constituem como essenciais para a “saúde” do ambiente aquático, mantendo adequadas as condições de criação.

A qualidade da água

Piscicultores têm a obrigação de monitorar constantemente os indicadores da água para que seja possível realizar as correções necessárias e, dessa forma, garantir bons índices de produtividade. A qualidade dela é medida a partir de diversas características químicas e físicas, que afetam de forma direta ou indireta no desempenho e na saúde dos peixes.

A importância da manutenção da temperatura ideal

Geralmente, os peixes costumam apresentar os seguintes comportamentos, de acordo com a temperatura da água em que vivem:

Vale ressaltar que esse “padrão” pode variar de acordo com as espécies.

O pH da água

Para que seja possível entender o pH da água, destaca-se que esse indicador é responsável por dizer se a água é ácida, neutra ou alcalina. Ele varia de 0 a 14, tendo que 7 indica neutralidade e as variações para mais e para menos, indicam alcalinidade e acidez, respectivamente. Como mencionado, esse indicador varia de acordo com o solo do viveiro. É importante apresentar, também, que o pH se torna mais ácido por conta da respiração dos peixes, sobretudo à noite e que ele é variável durante todo o dia.

Assim, o ideal é que ele se mantenha entre 6, 5 e 8, com variação diária menor que duas unidades. Essas condições propiciam um ambiente aquático mais confortável, principalmente para pós-larvas e alevinos.

Conheça os Cursos CPT da Área Criação de Peixes:

Cultivo de Peixes em Sistemas de Recirculação de Água – RAS
Outorga de Água
Criação de Peixes – Como Implantar uma Piscicultura

Fonte: RURAL, Serviço Nacional de Aprendizagem. Piscicultura: manejo da qualidade da água. / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. – Brasília: Senar, 2019. 52 p.; il. 21 cm (Coleção Senar, 262)
por Renato Rodrigues