De que forma devo realizar o manejo reprodutivo de peixes nativos?

Na reprodução artificial, os peixes nativos devem passar por vários processos em um laboratório

Piscicultura - Imagem meramente ilustrativa

Manuel Vazquez Júnior, professor do Curso CPT Criação de Pacu e Tambaqui, destaca que a piscicultura brasileira vem cada vez mais utilizando peixes nativos. É possível mencionar o pacu e o tambaqui, peixes que têm sido bastante cultivados por serem, tradicionalmente, consumidos pela população nos seus locais de origem.

Devido ao crescimento da criação de peixes nativos em nosso país, a especialização nesse tipo de cultivo tem se tornado cada vez mais necessária. Em primeiro lugar, vale ressaltar que essa atividade pode ser dividida em duas etapas: a reprodução, que tem como objetivo produzir e comercializar alevinos; e a engorda, com a finalidade de comercializar o peixe para abate e consumo.

No primeiro caso, especificamente, todo o manejo reprodutivo precisa ser bem executado para que a atividade não seja comprometida, haja vista que, para haver peixes para a engorda, é imprescindível que haja a reprodução.

Inseridos nesse contexto, há várias etapas que devem ser compreendidas pelos produtores em relação ao manejo reprodutivo. Fique atento a algumas delas:

- Seleção de matrizes e reprodutores

O primeiro passo consiste na seleção dos peixes que serão utilizados para a reprodução. Ao atingirem a maturidade sexual, o ideal é selecioná-los a partir da observação de características que sejam favoráveis ao processo de reprodução. Recomenda-se que essa seleção seja feita pela manhã, para evitar o estresse térmico.

- Transporte dos peixes para o laboratório

Selecionados, as fêmeas e os machos devem ser transportados de forma ágil ao laboratório, em caixas plásticas ou de transporte para peixes, contendo água do próprio viveiro. Isso quando o laboratório for distante do local de criação. Quando for próximo, sacolas teladas próprias para o transporte de peixes podem ser utilizadas.

- Pesagem e identificação dos peixes

A próxima etapa é a pesagem e a identificação dos peixes logo após chegarem ao laboratório, antes de que sejam soltos nos tanques para manutenção de matrizes e reprodutores. O peso deve ser anotado e todos os dados do peixe, registrados.

- Transferência para tanques de manutenção

Quando os peixes já estiverem devidamente pesados e identificados, eles precisam ser colocados em tanques ou caixas d’água no laboratório, cuja água deve apresentar a mesma temperatura do viveiro e ser oxigenada e renovada ou recirculada regularmente.

- Protocolo de indução

O protocolo hormonal para reprodução artificial é chamado de “protocolo de indução”. Ele tem que ser iniciado na tarde ou na manhã seguinte à seleção das matrizes e dos reprodutores, para que a desova seja estimulada.

- Preparação das incubadoras

As incubadoras são as estruturas que receberão os ovos fertilizados. Elas precisam ser montadas, limpas e ajustadas enquanto se espera a extrusão dos ovócitos. Seu fluxo também precisa ser regulado para 3 a 8 litros por minuto, sendo menor no início da incubação e menor no final dela.

- Observação do comportamento reprodutivo

Alguns comportamentos dos peixes podem evidenciar a proximidade do momento de extrusão dos ovócitos, como a natação vigorosa, as contrações musculares, a aproximação entre machos e fêmeas e o ronco – que é comum ao curimatã e à pirarara, por exemplo. É imprescindível observá-los nesse momento para evitar que eles desovem no tanque de manutenção.

- Extrusão dos ovócitos

Iniciada a liberação dos ovócitos ou quando a hora prevista para a extrusão chegar, a matriz precisa ser coletada e contida para que a extrusão seja realizada. Aconselha-se que duas ou três pessoas sejam encarregadas de realizar esse processo.

- Coleta do sêmen e mistura dele aos ovócitos

Já ao fim, depois da coleta dos ovócitos, o sêmen de um ou de mais reprodutores também precisa ser colhido para que os dois possam ser misturados suavemente e com o auxílio de uma espátula de silicone. Depois isso, a ativação e hidratação também é requerida. A última etapa é a incubação, com a transferência dos ovos hidratados para as incubadoras.

 


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Fonte: RURAL, Serviço Nacional de Aprendizagem. Piscicultura: reprodução, larvicultura e alevinagem de peixes nativos. / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. – Brasília: SENAR, 2017. 132 p.; il
por Renato Rodrigues

Renato Rodrigues 05-10-2021

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