Controle e erradicação de doenças nas primeiras fases da criação de tilápias

Cuidar das primeiras fases da criação é necessário para garantir a saúde dos peixes nas fases seguintes

Tilápias

Não é novidade para nenhum piscicultor que a Tilápia domina mais da metade de toda a produção nacional de peixes, movimentando milhões de reais a cada ano e ganhando ainda mais destaque em nosso país. Isso se deve graças às suas condições de manejo e à boa aceitabilidade no mercado nacional.

Augusto dos Santos, professor do Curso CPT Criação de Tilápias em Tanques-rede, destaca os aspectos que garantem o sucesso da criação de tilápias no Brasil: criar tilápias é um bom negócio pela facilidade de manejo, curto ciclo, baixo custo de produção e grande aceitação no mercado.

A tilapicultura contou também com a ajuda da tecnologia, que veio para facilitar o manejo nas diferentes etapas da criação, o melhoramento genético e a formulação de rações com melhor qualidade para os peixes. Porém, a expansão da atividade ainda se vê ameaçada pela questão sanitária, uma vez que o aumento e intensificação da produção tendem a potencializar também o surgimento e difusão de doenças.

Nesse sentido, é imprescindível que o produto adote uma série de medidas em todas as etapas de produção, especialmente nas primeiras, para garantir o controle sanitário e ter à sua disposição uma produção estável e rentável.

Programa de saúde para o plantel

É necessário implementar um programa de saúde para o plantel, mas essa atitude demanda planejamento e trabalho gradual, isto é, primeiro, prioriza-se etapas prioritárias, com a finalidade de se obter resultados a curto prazo, até que seja possível realizar todas as ações do programa e obter resultados efetivos de controle e erradicação de doenças a médio e longo prazo. Ainda, a implementação desse programa deve ser algo definitivo, para que não se perca o que já foi conquistado anteriormente.

Para dar início a esse programa em pisciculturas-berçário, deve-se realizar um diagnóstico de toda a estrutura física da propriedade onde a piscicultura está instalada. Observa-se e registra-se locais de entrada e saída de água da criação, estruturas para o armazenamento de insumos, características das estruturas onde os peixes são criados – viveiros, tanques ou outros –, hapas e seus acessórios, incluindo também todo o fluxo de produção.

Após esse primeiro passo, já é possível identificar alguns problemas que guiarão as futuras estratégias de controle. É comum que, nessa etapa, piscicultores verifiquem formas incorretas de armazenamento de rações, medicamentos e suplementos, bem como necessidade de limpeza e desinfecção de estruturas e utensílios, entre outros problemas.

A segunda etapa desse processo consiste na identificação de enfermidades presentes na criação, realizando análise diagnóstica no plantel, matrizes, ovos, larvas, alevinos e juvenis e, em alguns casos, em peixes nativos e anfíbios que convivem no mesmo ambiente que a criação de tilápias. A partir desse diagnóstico, é possível obter dados sobre as enfermidades que detém mais importância nas diferentes fases de criação, o que torna necessária a elaboração de estratégias para controlar e erradicar cada uma delas.

Para que essa ação obtenha o sucesso desejado, o produtor deve conhecer a fundo todas essas doenças, conhecendo também os patógenos – sejam eles infecciosos ou parasitários –, suas formas de replicação, patogenia, resistência, dispersão, contágio de outros animais e manutenção no ambiente de criação.

A preferência dada às primeiras fases da criação justifica-se pelo fato de que os alevinos são considerados o “futuro” de qualquer piscicultura, tornando-se a principal fonte de infecção para o plantel, ainda que não apresentem sinais de doenças quando recém-estocados.

Nas criações que funcionam como berçário, matrizes e reprodutores também se tornam importantes agentes disseminadores de doenças, ganhando igual importância para o futuro de toda a cadeia produtiva. Com isso, exige-se a adoção de estratégias que tenham como finalidade a contenção de doenças, evitando-se, assim, que haja transmissão em cadeia para outros setores da propriedade ou para outros empreendimentos.

Matrizes e reprodutores

Ainda que as condições de criação de matrizes e reprodutores sejam diferentes da criação para a engorda, por exemplo, eles estão suscetíveis às mesmas doenças que qualquer outro peixe. Todavia, por haver menor densidade de estocagem e melhor bem-estar animal, é mais difícil que ocorram surtos de mortalidade ou grandes prejuízos no que concerne à performance reprodutiva.

Ao mesmo tempo que essa notícia soa como “boa”, também pode significar problemas para o criador, uma vez que, por essa condição de vida mais “tranquila” desses peixes, a diminuição da capacidade reprodutiva pode ocorrer de forma silenciosa, transmitindo doenças parasitárias, bacterianas e virais para sua prole, o que pode passar despercebido.

 


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Criação de Tilápias em Tanques-rede
Produção de Tilápias em Tanques Escavados
Produção de Alevinos

Fonte: Panorama da Aquicultura – panoramadaaquicultura.com.br
por Renato Rodrigues

Renato Rodrigues 05-05-2020

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