A criação de camarões marinhos, também conhecida como carcinicultura marinha, é uma atividade de grande relevância para o nosso país e ultrapassa 65 mil toneladas de camarões produzidos anualmente. Ainda nesse contexto, ela possui grande potencial para ir mais além, desde que o carcinicultor detenha conhecimento técnico para guiá-la.
Antonio Ostrensky, um dos professores do Curso CPT Cultivo de Camarões Marinhos, ressalta que a produção de camarões marinhos, em ambiente de cultivo, vem crescendo muito nos últimos anos. Isto ocorre principalmente com o objetivo de atender à crescente demanda mundial de mercado por este produto.
Basicamente, a atividade é composta de duas etapas: a larvicultura, quando se produz pós-larvas; e a engorda, quando se cria o camarão para que cresça e atinja o tamanho necessário para a comercialização. Em ambas, os camarões passam por vários processos, como é o caso da despesca, que acontece já no final da fase da engorda.
O que é a despesca e qual sua finalidade?
Como mencionado, a despesca é uma das últimas etapas do manejo dos camarões, pois é nela que os produtores retiram os camarões da água quando eles chegam ao tamanho e ao peso desejável para que sejam comercializados. Por conta disso, é crucial para o resultado da criação e deve ser realizada com todo o cuidado para que os camarões produzidos sejam de qualidade e para evitar que eles morram.
Recomendações para a garantir uma despesca mais efetiva
- O momento ideal
Apesar de muitos produtores acreditarem que a despesca pode ser realizada durante todo o dia, ela tem um momento considerado ideal para que seja realizada: durante a noite. Isso porque, nesse período, a temperatura não influenciará no estresse dos camarões e, consequentemente, eles não perderão a qualidade.
- Checagem dos camarões
Quando despescados, os animais precisam passar por uma checagem, com a finalidade de verificar, dentre outros pontos, qual é a aparência da cauda e da carapaça, se apresentam casca mole ou soltando do corpo e se há manchas escuras, isto é, necroses. Todos esses fatores interferem na comercialização deles.
- Alimentação
Antes da realização da despesca, recomenda-se que os camarões não sejam alimentados, em um período de um a dois dias anteriores. Quando eles estão com o estômago muito cheio, ao serem despescados, o processo de degradação do produto pode ser acelerado, o que acarretará em mudanças físicas que são rejeitadas na comercialização, como o escurecimento da cabeça.
- Cuidados com a água
Para evitar a muda, ou seja, para evitar que os animais apresentem casca mole ou soltando do corpo, uma dica está na redução gradativa do volume de água do viveiro pouco tempo antes da despesca, reduzindo a intensidade do fluxo de água nas comportas. Sugere-se que a despesca comece apenas quando o viveiro apresentar volume menor do que um terço.
- Preparação
Antes mesmo da despesca, cracas e ostras devem ser removidas das comportas para facilitar todo o processo. Também, o gelo utilizado deve estar triturado e o carcinicultor deve possuir quantidade suficiente – cerca de 2 a 3 kg de gelo para cada kg de camarão. Depois, os camarões serão resfriados e acondicionados para comercialização.
- Despescas de longa duração
Quando o processo se arrastar por muito tempo, medidas devem ser tomadas para assegurar a efetividade dele. Por exemplo, o monitoramento da concentração de oxigênio dissolvido na água é importante e o enchimento parcial do viveiro pode ser necessário em alguns casos específicos.
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Cultivo de Camarões Marinhos
Cultivo de Camarão de Água Doce
Criação de Peixes – Como Implantar uma Piscicultura
Fonte: RURAL, Serviço Nacional de Aprendizagem. Camarão marinho: preparação do viveiro, povoamento, manejo e despesca / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). — 1. ed. Brasília: SENAR, 2017. 92 p. il.
por Renato Rodrigues