Boas práticas de manejo sanitário na piscicultura

A adoção de boas práticas de manejo sanitário garante peixes mais saudáveis e com qualidade para a comercialização

Peixe - imagem ilustrativa

O professor do Curso CPT Criação de Peixes – Como Implantar uma Piscicultura, Giovanni Resende de Oliveira, destaca que a intensificação dos sistemas produtivo e as condições de manejo da piscicultura têm propiciado o surgimento de diversas doenças na criação de peixes, o que pode ser evitado com um bom manejo sanitário.

Garantir a sanidade dos peixes criados tem sido um dos principais desafios enfrentados pelos piscicultores em todo o país. Apesar de todos os avanços tecnológicos que têm facilitado ainda mais a rotina dos piscicultores, as enfermidades que atacam os peixes ainda trazem prejuízos às criações.

Nesse sentido, boas práticas de manejo sanitário devem ser adotadas para prevenir a ocorrência de doenças e para controlá-las:

Abastecimento e drenagem

É necessário controlar o abastecimento dos viveiros com um registro ou com algum mecanismo de ajuste de vazão para que não haja transferência de água de um viveiro para o outro, o que pode disseminar doenças e comprometer a qualidade da água – fator que também influencia na sanidade dos peixes, como veremos mais adiante.

Estratégias

Algumas estratégias já conhecidas podem ser empregadas, como a utilização do sistema “todos dentro”, “todos fora”, que consiste na colocação de todos os peixes no viveiro de uma única vez e na retirada de todos ao mesmo tempo. Isso evita que doenças que tenham afetado lotes anteriores afetem os novos.

Desinfecção

A desinfecção dos viveiros também deve ser realizada. Depois da retirada de todos os peixes, deve-se garantir que esse ambiente esteja seguro antes de ser povoado novamente. Logo após a retirada, o ideal é que se deixe o viveiro secar totalmente para ser desinfetado com cal virgem. Esse procedimento evita que microrganismos presentes na matéria orgânica acumulada no fundo desses locais provoquem doenças.

Despesca

A despesca é um procedimento estressante para os peixes e, por conta disso, deve ser feita corretamente para que isso seja minimizado. Além disso, os peixes podem sofrer com lesões e, devido a esse problema, todos os processos da despesca devem ser executados corretamente, etapa por etapa.

Qualidade da água

O monitoramento da qualidade da água deve ser constante para que o ambiente favoreça a saúde dos peixes. Dentre os aspectos a serem monitorados, estão a transparência, a concentração e amônia, a concentração de oxigênio, a temperatura e o pH. A verificação deles pode ser feita com equipamentos digitais ou kits para tal finalidade. A amostra de água coletada para essa finalidade não deve ser da entrada do viveiro nem dos primeiros centímetros da superfície.

Densidade

A densidade ideal de estocagem de peixes em cada tanque é negligenciada por muitos piscicultores, que acabam colocando mais peixes que o recomendado. Isso prejudica a qualidade da água e torna os animais mais estressados e, consequentemente, mais suscetíveis a doenças. Vale ressaltar que não existe uma densidade “padrão”, pois ela varia de acordo com o sistema de criação, as espécies, a fase de criação e os parâmetros de qualidade da água.

Matéria orgânica

A sedimentação de restos de ração, de fezes e de plâncton morto ocorre durante todo o cultivo dos peixes. Logo, toda essa matéria orgânica que vai se acumulando no fundo dos viveiros vais sendo decomposta e isso pode se tornar nocivo aos peixes, devendo ser removida após a despesca quando em grande quantidade.

Peixes mortos

É tarefa diária dos piscicultores remover do viveiro todos os peixes mortos e visivelmente doentes. Caso o contrário, podem, respectivamente, apodrecer e contaminar outros peixes. Porém, atenção! Quando a taxa de mortalidade ultrapassar 10%, essa mortalidade deve ser investigada.

 


Conheça os Cursos CPT da Área Criação de Peixes:

Criação de Peixes – Como Implantar uma Piscicultura
Nutrição e Alimentação de Peixes
Produção de Alevinos

Fonte: RURAL, Serviço Nacional de Aprendizagem. Piscicultura: manejo sanitário. / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. – Brasília: SENAR, 2017. 107 p.; il. – (Coleção SENAR)
por Renato Rodrigues

Renato Rodrigues 06-04-2021

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