Boas práticas de manejo da qualidade da água para criação de peixes em viveiros e tanques-rede

Além de atenção às características físicas e químicas da água, algumas boas práticas de manejo ajudam a manter a qualidade dela para a aquicultura

Piscicultura - Imagem ilustrativa

Giovanni Resende de Oliveira, professor do Curso CPT Cultivo de Peixes em Sistemas de Recirculação de Água – RAS, destaca que o principal elemento para a criação de organismos aquáticos, sem dúvidas é a água. Além do cuidado com a temperatura, por exemplo, é fundamental que criadores estejam atentos a vários outros aspectos relacionados a ela.

A adoção de boas práticas de manejo da qualidade da água para a produção de peixes criados em viveiros e em tanques-redes é fundamental para o sucesso da atividade, sem deixar de lado a verificação dos aspectos físicos e químicos da água. A seguir, apresentamos algumas das boas práticas que você deve utilizar em sua criação de peixes:

- Escolher espécies que estejam adaptadas às condições climáticas e às características do local de criação e à qualidade da água e do solo de que você dispõe. Isso ajuda a evitar que peixes morram e, consequentemente, que a produção tenha um custo mais elevado. Também facilita o manejo dos peixes;

- Checar aspectos relacionados ao volume da fonte de água, isto é, se ele consegue repor as perdas diárias que podem ocorrer pela evaporação ou pela infiltração, por exemplo. Deve-se verificar também se a redução do volume de água não provocará perda da qualidade da água e estresse nos peixes;

- Monitorar as perdas de água, para que não ultrapassem 5cm em viveiros e em reservatórios menores. Caso elas ultrapassem essa marca, deve-se cuidar do fundo dos viveiros, no intuito de diminuir a infiltração e a perda em diques dos pequenos reservatórios;

- Realizar a construção de estruturas – como valetas, direcionando a água dos viveiros para cursos de água naturais, como rios, córregos e riachos – com função de redução da velocidade da água nos canais de drenagem e proteger as laterais dos canais utilizando vegetação ou pedregulho com a finalidade de reduzir a erosão e a quantidade de sólidos em suspensão;

- Verificar a alcalinidade e a dureza total da água, o que determinará se é necessário ou não realizar calagem nos viveiros. Em viveiros com alcalinidade total da água maior do que 60mg/L, geralmente, não é necessário realizá-la;

- Realizar a calagem em viveiros com solos ácidos;

- Realizar a secagem do fundo dos viveiros antes de que se inicie um novo ciclo de produção. Essa secagem tem como principal objetivo remover organismos que possam competir alimento com os peixes criados ou que, pior, possam causar doenças neles;

- Realizar o abastecimento dos viveiros com 10cm a 20cm de água antes de aplicar fertilizantes que têm como finalidade promover o crescimento de fitoplâncton e organismos bentônicos, aumentando o nível da água à medida em que aumenta a concentração desses elementos;

- Promover a estocagem nos viveiros com densidade menor do que 3 peixes por m² e entre 100 a 150 peixes por m³ no caso dos tanques-rede. Frequentemente, deve-se realizar a biometria, isto é, verificar o crescimento dos peixes para que controlar o fornecimento de alimentos e melhorar a taxa de crescimento e conversão alimentar deles;

- Utilizar aeradores na proporção de 1hp para 10kg/há de ração, o que previne a redução inesperada de oxigênio dissolvido na água;

- Atentar-se ao posicionamento dos aeradores, pois eles devem estar afastados das laterais dos viveiros, mas devem estar em posição que favoreça a aeração do fundo, sem que haja zonas anaeróbicas;

- Definir a quantidade ideal de alimento a ser oferecida para os peixes, de acordo com o percentual da biomassa deles, evitando que alimentos sobrem e permaneçam na água, deteriorando a sua qualidade. Ainda, a ração oferecida deve ser distribuída nos viveiros uniformemente;

- Drenar a água o quanto menos possível, pois a drenagem para diminuir a concentração de fitoplâncton, amônia ou nitrito diminua ou com a finalidade de melhorar a concentração de oxigênio dissolvido não é tão efetiva;

 


Conheça os Cursos CPT da Área Criação de Peixes:

Cultivo de Peixes em Sistemas de Recirculação de Água – RAS
Outorga de Água
Criação de Tilápias em Tanques-rede

Fonte: QUEIROZ, Julio Ferraz de. Circular Técnica - Boas Práticas de Manejo (BPM) para a Aquicultura em Viveiros Escavados e em Reservatórios. SP, 2016. Disponível em: http://www.diadecampo.com.br/arquivos/materias/%7B874555815-104D%7D_2016CT02.pdf.
por Renato Rodrigues

Renato Rodrigues 21-09-2020

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